(…) Com base nestas reflexões sobre a natureza agonal dos debates parlamentares e a relevância das mesmas para as sociedades democráticas, tentaremos na nossa investigação responder à pergunta: “Como se fala hoje nos parlamentos de Portugal, do Brasil e da Roménia?”. Sendo esta interrogação demasiado geral e abrangente, pois abre perspectivas de pesquisa muito variadas – como comprova a diversidade dos estudos apresentados no estado de arte –, decidimos limitar as análises comparativas a dois aspetos que nos pareceram relevantes: a arquitetura dos debates parlamentares – com a sua estrutura sequencial, o funcionamento da negociação conversacional e a dinâmica do binómio pergunta-resposta – e a construção das relações interlocutivas, das imagens de si e dos outros através de usos estratégicos das formas de tratamento.
Um primeiro desafio que enfrentámos nos momentos iniciais desta investigação foi compreender o contexto em que funcionam os debates parlamentares portugueses, brasileiros e romenos, ou seja os três sistemas políticos, resultantes de tradições políticas e de histórias diferentes. Dada a natureza essencialmente referencial de qualquer corpus político (Mayaffre 2005: 4), considerámos necessário entender o quadro institucional em que decorrem os trabalhos parlamentares, tanto do ponto de vista jurídico – através das normas constitucionais e regimentais –, como do ponto de vista político – atores envolvidos, ideologias veiculadas – para melhor analisar os debates. (…)
Veronica Manole
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